Buda nada mais é do que aquilo que você é, exatamente
agora: ouvir os carros, sentir dor nas pernas, ouvir minha voz. Isso é Buda.
Não se pode capturá-lo; no minuto em que você tentar pegá-lo, ele já se
transformou. Ser o que somos a cada instante significa, por exemplo, ser
inteiramente a raiva, quando estamos com raiva. Essa espécie de raiva jamais
magoa os outros porque é total, completa. Estamos sentindo essa emoção de
verdade, o nó no estômago, e não vamos machucar ninguém com isso. A espécie de
mágoa que machuca as pessoas é aquela que ferve embaixo dos sorrisos meigos que
esboçamos com esforço.
(Charlotte Joko Beck, Sempre Zen)