quinta-feira, 28 de abril de 2011

Este momento é muito importante

O que você está fazendo agora? O ensinamento Zen sempre nos remete àquilo que podemos chamar de "mundo presente". Este momento é muito importante. No momento, tudo existe. No momento, há o tempo infinito e o espaço infinito. No momento! Neste exato momento, tudo existe e, neste momento, você alcançará diretamente todas as coisas. Isso é o Zen Budismo. Não há mente, nem Buda, nem Deus, nada! Mas há mente, há Buda, há Deus, há tudo! Experimentar isso é Zen Budismo.
(Seung Sahn. A bússola do Zen. Bodigaya)

sábado, 23 de abril de 2011

Ciúme dos outros?

Se você meditar corretamente, perceberá que o "eu", na verdade, não existe. E já que esse "eu" não existe, então o que é que pode se tornar famoso ou ganhar a aprovação dos outros? Se as pessoas se dessem conta de que o "eu" não existe, não sofreriam tanto - e tampouco causariam tanto sofrimento a outros - a fim de conferir alguma reputação ou fama a esse "eu". Tampouco se importariam quando outra pessoa parecesse mais querida do que elas próprias: o ciúme dos outros não apareceria. Esse "eu" simplesmente não existe em lugar algum. É por isso que, se você meditar, compreenderá que o desejo pela fama é uma impureza.
(Seung Sahn. A bússola do Zen. Bodigaya)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Você faz o tempo

Você faz o seu mundo. Você faz o seu tempo e seu espaço. Você faz também causa e efeito que controlam sua vida. Tudo isso vem da nossa mente. Primeiro, o que é o tempo? Passado, presente e futuro não existem. Onde está o passado? Onde está o futuro? Você não consegue encontrá-los em lugar algum. Todos sabem disso e contentam-se com a crença de que pelo menos o presente existe e é real. Se você disser que o presente existe, essa é uma outra ilusão. Onde está o presente? Ao dizer: "Presente" - já é passado. No momento em que você diz a palavra "Presente" - já se tornou passado. Seu pensamento faz o passado, o presente e o futuro, e então você tem o tempo. Você faz o tempo. E o tempo que você faz é o seu tempo, não o meu ou de mais ninguém. Nós fazemos o tempo o nosso tempo bom ou ruim, alegre ou triste. Nós fazemos o tempo com as nossas mentes pensantes.
(Seung Sahn. A bússola do Zen. Bodigaya)

domingo, 17 de abril de 2011

Zazen: não há nada de errado em mudar nossa posição

Precisamos de uma atitude gentil e não-violenta em relação ao nosso corpo. Não deveríamos olhar nosso corpo como se ele fosse apenas um instrumento ou maltratá-lo. Quando estamos cansados ou com alguma dor, nosso corpo está tentando nos dizer que não está feliz nem relaxado. O corpo tem sua própria linguagem. Como praticantes de menta atenta, deveríamos saber o que nosso corpo quer nos dizer. Quando sentimos muita dor nas pernas durante a meditação, deveríamos sorrir e mudar nossa posição lenta e gentilmente, com mente atenta. Não há nada de errado em mudarmos nossa posição. Não estamos perdendo tempo. Enquanto mantivermos a mente atenta, o trabalho da meditação continua. Jamais devemos nos violentar. Quando nos esforçamos em demasia, não apenas perdemos nosso paz mental e nossa alegria, mas também perdemos a nossa mente atenta e a concentração. Nós sentamos em meditação para alcançarmos liberação, paz e alegria, não para nos tornarmos heróis capazes de suportar dores inacreditáveis.
(Thich Nhat Hanh. Transfomação e cura. Bodigaya)

sábado, 16 de abril de 2011

Sobre paz e alegria

A vida contém sofrimento, mas ela também está repleta de muitas coisas maravilhosas. Há primavera e inverno, luz e escuridão, há saúde e doença, brisas suaves e chuvas deliciosas assim como tempestades e inundações. Nossos olhos, ouvidos, coração, sorriso e respiração são fenômenos maravilhosos. Precisamos apenas abrir os olhos e podemos admirar o céu azul, as nuvens brancas, a rosa, o rio claro, os campos de trigo dourado, os olhos brilhantes de uma criança. Precisamos apenas atentar nossos ouvidos para escutar o sussurro do vento nos pinheiros e o som das ondas esparramando-se na praia. Tudo é impermanente. Tudo está numa forma temporária. Apesar disso, há muitas maravilhas. Dentro de nós e ao nosso redor, há inúmeros fenômenos maravilhosos na natureza, que podem nos revigorar e curar. Se conseguimos estar em contato com eles, receberemos seus efeitos curativos benéficos. Se a paz e a alegria estiverem em nossos corações, gradualmente levaremos mais paz e alegria ao mundo.
(Thich Nhat Hanh. Transformação e Cura. Bodigaya)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Fazendo zazen
Nem espelho é mais necessário,
O que podemos ver
É aquilo que nenhum espelho reflete.
(Moriyama Roshi. Primeiros passos no Zen. Bodigaya)

domingo, 10 de abril de 2011

A natureza de todas as coisas

Tudo o que experimentamos neste Universo surge, permanece por certo período, declina e desaparece novamente. Essa é a natureza de todas as coisas.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Há 2635 anos atrás

Há  2635 anos atrás nascia o Príncipe Sidharta Gautama, que, ao despertar, disse: "Eu e todos os seres da Grande Terra simultaneamente nos tornamos o Caminho."
Essa é a frase original da experiência iluminada de Sidharta Gautama. Ele passou a ser chamado, então, de Buda (Buddha), "aquele que despertou". Desperta junto com todos os seres e simultaneamente percebe o Caminho em todas as formas de vida, sem distinção de gênero ou espécie. Penetra na Lei Verdadeira (Dharma, Dhamma, Darma) onde tudo e todos estão incluídos.
(Monja Coen).

domingo, 3 de abril de 2011

Estar em unidade com tudo

"...Onde quer que esteja, você está em unidade com as nuvens e em unidade com o Sol e as estrelas que vê. Mesmo que salte do avião, não irá a nenhum lugar. Ainda estará em unidade com tudo. Esse é o máximo de verdade que consigo dizer e é o máximo de verdade que você é capaz de ouvir"
(S. Suzuki. Nem sempre é assim. Religare)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Kokoro - Coração-Mente-Essência

Uma mensagem especial da Monja Coen, tão especial quanto ela.


Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.
Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.
Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?
Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.
Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras. A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas. Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.
Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.
Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.
Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.
Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.
Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.
Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.
Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.
Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.
Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.
Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.
Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.
Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.
Estrada em Ibaragi, totalmente reconstruida em apenas 5 dias
Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.
Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.
Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.

Mãos em prece (gassho)
Monja Coen

Missionária oficial da tradição Soto Shu – Zen Budismo com sede no Japão, é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001, com sede em Pacaembu. Iniciou seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles – ZCLA. Foi ordenada monja em 1983, mesmo ano em que foi para o Japão aonde permaneceu por 12 anos sendo oito dos primeiros anos no Convento Zen Budista de Nagoia, Aichi Senmon Nisodo e Tokubetsu Nisodo.
Retornou ao Brasil em 1995, e liderou as atividades no Templo Busshinji, bairro da Liberdade, em São Paulo. Foi, em 1997, a primeira mulher e primeira pessoa de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano. Participa de encontros educacionais, inter religiosos e promove a Caminhada Zen, em parques públicos, com o objetivo de divulgação do princípio da não violência e a criação de culturas de paz, justiça, cura da Terra e de todos os seres vivos.



Fonte: http://docultural.com.br/blog/2011/03/mensagem-da-monja-coen-sobre-o-japao-de-agora/

Mente de principiante

"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito" (Suzuki, Shunryu).