Mais uma vez, como todo retorno ao início, falamos de um novo começo.
Na esperança de novos tempos, boas mudanças, muitas melhorias e grandes superações, nós desejamos. Ansiamos. Planejamos.
Nos vestimos de branco, azul, verde, vermelho ou amarelo; bebemos e comemos, rimos e beijamos.
E na hora final, gritamos para o futuro, com vozes que ressoam em uma mescla de reza, súplica e comando: "que seja bom"!
Tantos desejos invocados ao mesmo tempo, sob as luzes dos fogos de artifício.
Mas há também os que ficam quietos, os que estão sozinhos, os que pouco tem para esperar. Estes, fazem por reza o silencio...
É comum imaginar o final do ano como um momento de esperanças, e belas expectativas. Eu não pretendo desmerecer aqueles que, todos os anos, assim fazem.
Respeitosamente peço-lhes compreensão, mas eu farei diferente. Eu irei me expressar sobre hoje. Apenas hoje.
Hoje é o dia. Não há outro, mesmo que por força de nossas expectativas venhamos a tornar o "amanhã" um perfeito apanágio de tudo de bom que ainda não conseguimos realizar.
O final de um ano não deveria ser um momento de promessas para o futuro.
Ele deveria ser um momento de reflexão dos motivos porque somos tão incapazes de transformar e curar nosso presente. Hoje, hoje é o dia.
Não importa se você promete mudar no próximo ano. A mudança não se faz de promessas futuras; ela é feita quando mudamos AGORA. Por favor, preste atenção: o dia é hoje.
Diz o reverendo monge Genshō Oshō: "As pessoas só dão aquilo que [lhes] está transbordando. As pessoas só podem dar aquilo que lhes transborda".
Se a sua mente transborda com a ignorância do Agora, no próximo ano você continuará a transbordar com o esquecimento de si mesmo. Desculpe, esta é uma verdade inescapável.
Observe: primeiro, você precisa se esvaziar. Deixar ir, soltar-se no rio do tempo e espaço, e compreender finalmente que o seu dia é HOJE. Não será no dia do final do ano.
Somente quando você estiver vazio de tudo o que anseia e imagina para si mesmo, irá transbordar com tudo de bom que o momento presente pode lhe dar.
Por isso, por favor desculpem-me: eu irei sempre lhes falar de hoje.
Quando todos nós praticarmos para viver a maravilha do momento presente, deixaremos de perder tanto tempo gritando promessas à meia-noite de um ano qualquer.
Acorde. Levante-se, caminhe e viva sua mudança agora. O tempo rapidamente se esvai, e a oportunidade se perde. Não esqueça disso.
Por favor, acorde. E deixe de esperar a mudança em um amanhã longínquo, incerto, distante.
Esse novo ano é agora. Agora, simplesmente.
Hoje.
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"O dia que você vem esperando é hoje; o momento pelo qual tem aguardado é este momento. Você deve romper o véu do tempo e espaço para chegar aqui e agora. No Agora, você irá encontrar o que tem procurado há tanto tempo."
- Thich Nhat Hanh, "Inside the Now: Meditations on time" (2015).
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Canção para o dia de hoje. Monge Kōmyō, dezembro 2015
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
A não dualidade
Quando está interagindo com a natureza inanimada, você está sujeito às leis físicas e químicas.
Quando está interagindo com outros seres, você está sujeito às leis biológicas, éticas, sociais, morais e legais.
Quando está interagindo psiquicamente consigo mesmo, você está sujeito à sua consciência.
Quando está em não dualidade, em zazen, não há sujeição, porque não há sujeito nem objeto - é além do espaço-tempo, do pensar e do não pensar: só há o Ser, a experiência mística, a visão pessoal direta, a constatação, e a partir disto você não precisará mais das palavras de religiosidade de alguém.
Apenas coloque isso em prática, interaja.
~ Monge Ryozan - dez 2015
https://www.facebook.com/monge.ryozan?fref=ts
Imagem: http://howtoexitthematrix.com/2015/05/24/the-beast-of-burden-illusion-and-deception-on-the-path-of-enlightenment/
sábado, 21 de novembro de 2015
Jizo Bosatsu
Seu nome em japonês é Jizo Bosatsu. Sua função: salvar a terra e levar todos os seres do mar do sofrimento para a praia segura e tranquila do nirvana. Pode surgir nas mais diversas formas e aparências. Pode penetrar o inferno mais profundo e todos os locais de grandes sofrimentos. Pode estar no céu mais elevado e em todos os lugares onde há alegria.
Não é uma pessoa, um santo. Não foi uma virgem, uma freira, uma santa. Bosatsu pode ser qualquer um de nós, quando somos capazes de nos igualar aos nossos irmãos, companheiros de jornada, filhos todos da terra amada. Quando somos capazes de sofrer e de chorar, de rir e de amar, sem exclusão. Quando somos capazes de criar condições para que todos possam ter dignidade.
Quando somos capazes de nos reerguer das quedas, das maldades sofridas ou feitas por nós. Quando somos capazes de renascer e de
crescer, de ouvir e de ver. Capazes de atender às necessidades dos
necessitados.
Quando somos capazes de curar os males de todos
os seres. Basta um gesto verdadeiro. Basta um olhar companheiro. Basta retornar à grande bondade. Não há nada a perder, pois nada pertence ao ser.
Compartilhar, ajudar, conversar, ouvir, respeitar.
Monja Coen
domingo, 15 de novembro de 2015
A natureza da nuvem
A natureza da nuvem é não nascimento, não morte. A nuvem irá continuar sob outras formas. Não é verdade que uma nuvem pode se tornar nada. Então, quando você segura uma xícara de chá e bebe em estado de plena atenção, reconhece que a nuvem que você contemplou ontem no céu - sua bela nuvem - está agora em sua xícara e você está bebendo a sua nuvem. Está tocando a natureza do não nascimento e da não morte da nuvem.
(Thich Nhat Hanh. Corpo e mente em harmonia, Vozes, p. 100)
(Thich Nhat Hanh. Corpo e mente em harmonia, Vozes, p. 100)
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
Tudo se tornará nada
"Os meus inimigos irão se tornar nada.
Os meus amigos irão se tornar nada.
Eu mesmo, irei tornar-me nada.
Da mesma forma, tudo se tornará nada.
Assim como a experiência de um sonho,
Todas as coisas que aprecio
Irão tornar-se uma memória.
O quer que tenha passado não será visto novamente."
Shantideva
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Breve Parinirvana Buda
Breve Parinirvana Sutra
Quando Xaquiamuni Buda girou pela primeira vez a Roda do
Dharma, Ajnata-kaundinya despertou. Em seu último discurso do Dharma, Subhadra
se iluminou. Todos que deveriam ser despertos assim o foram. Entre duas
árvores-sala, Xaquiamuni Buda estava quase entrando em Parinirvana. Era o meio
de uma noite calma, silenciosa, sem nenhum ruído. Para o bem de todos seus
discípulos Xaquiamuni Buda fez uma breve explicação da essência do Dharma:
Oh, Monges!
Depois de minha morte respeitem e compartilhem os Preceitos.
Manter os Preceitos é como encontrar uma luz na escuridão; é como uma pessoa
pobre encontrando um grande tesouro. Saibam que os Preceitos são, para vocês, o
mestre. Manter os Preceitos é Me manter sempre vivo neste mundo. As pessoas que
mantêm os Preceitos não devem se dedicar ao comércio nem devem possuir campos e
moradias, não devem governar sobre outras pessoas e nem manter servos ou
animais. Devem evitar possuir plantações e acumular bens, da mesma forma que
evitariam uma fogueira. Não devem cortar grama nem árvores, arar o solo ou
cavar a terra, misturar remédios, ler a sorte, observar a posição das estrelas,
predizer as fases da lua, calcular calendários e dias auspiciosos. Controlem
seus corpos, comam nas horas certas, em pureza se conduzam. Não se envolvam nos
afazeres mundanos, nem ajam como mensageiros, não façam mágicas, não misturem
poções e não se tornem íntimos com pessoas eminentes. Com a mente clara e
correta atenção vocês devem procurar o despertar. Vocês não devem esconder seus
erros, não devem expressar pontos de vista errôneos e nem liderar pessoas
erroneamente. Ao receber as quatro espécies de ofertas, saibam a quantia
correta e fiquem satisfeitos. Não acumulem ofertas.
Agora vou falar brevemente em como proteger os Preceitos. Os
Preceitos são a base da verdadeira libertação, por isso são chamados de
Pratimoksa - o que leva à libertação. A confiança nos Preceitos faz surgir
todos os dhyanas e a sabedoria que extingue o sofrimento. Por esta razão,
Monges, vocês devem manter os Preceitos e não os devem infringir. Se vocês
mantiverem os Preceitos obterão o Bem. Se não os mantiverem, nenhum mérito
surgirá. Assim, saibam que os Preceitos são o local onde vive a equanimidade,
que é o mérito fundamental.
Oh, Monges!
Vocês que mantêm os Preceitos devem controlar os cinco
sentidos. Não deixem os sentidos desprotegidos, permitindo que os cinco desejos
penetrem e controlem vocês. É como o vaqueiro que brande sua vara para evitar
que o gado invada a plantação de outra pessoa. Se há indulgência nos cinco
sentidos, os cinco desejos ficarão à solta e vocês serão incapazes de
controlá-los. Novamente repito: é como um cavalo bravo que não pode ser
controlado pelo chicote e cai numa vala levando seu cavaleiro com ele. Embora o
sofrimento de ser ferido por um ladrão dure apenas uma vida, o mal causado
pelos cinco sentidos se estende através de muitas vidas, criando grande dor.
Não negligenciem a atenção. É por esta razão que a pessoa sábia controla seus
sentidos e não os segue, os mantêm guardados, não permitindo que vagueiem ao
léu. Os sábios quando libertam os cinco sentidos logo os aquietam. A mestra dos
cinco sentidos é a mente. Por esta razão vocês devem controlar suas mentes. A
mente deve ser mais temida que as cobras venenosas, bestas selvagens ou assaltantes
vingadores. Grandes incêndios e destrutivas enchentes não podem ser comparados
a ela. É como uma pessoa que, correndo celeremente com uma jarra de mel nas
mãos, olhe apenas para o mel e não veja um grande buraco. Repito, é como um
elefante enlouquecido sem uma corrente ou um macaco pulando nas árvores. Ambos
são muito difíceis de se controlar. Dominem logo a mente e não a deixem
desembestar. Se cederem, perderão a boa sorte de terem nascido humanos. Se
mantiverem a mente focalizada, não haverá algo que não possam obter. Por esta
razão, Monges, vocês devem se esforçar com muita diligência, para manter a
mente sob controle.
Oh, Monges!
Quando receberem comida e bebida vocês as devem considerar
como remédio. Não peguem mais daquilo que gostam e menos daquilo que desgostam.
Apenas aceitem o suficiente para manter suas vidas e controlar a fome e a sede.
Façam como a abelha que apanha apenas a doçura das flores sem manchar sua cor
ou tirar sua fragrância. Aceitem apenas o suficiente das ofertas para evitar
tristezas. Não peçam muito para não destruir as boas intenções. Isto se compara
à pessoa sábia que conhece a força de seu touro e não o sobrecarrega.
Oh, Monges!
Dia e noite pratiquem com determinação o bom ensinamento.
Não percam tempo. Não negligenciem seus esforços nem mesmo à noite nem pela
manhã, ao amanhecer. No meio da noite recitem os Sutras. Assim vocês devem
ordenar suas vidas. Não deixem que a vida passe à toa, apenas dormindo, sem
obter a realização. Vocês devem se lembrar que o mundo todo está sendo
consumido pelo fogo da impermanência. Rapidamente procurem despertar e não
dormir. As paixões estão sempre prontas para matar uma pessoa, mais do que um
inimigo mortal. Como vocês podem ficar dormindo e abaixar a guarda? As paixões
são como uma cobra venenosa dormindo em sua mente. Não são diferentes de uma
cobra negra dormindo em seu quarto. Espante-a com a ponta aguda dos Preceitos.
Vocês só poderão dormir tranqüilos depois que a cobra sair. Se dormirem
enquanto a cobra ainda estiver lá, vocês estarão agindo sem consciência. Entre
as coisas refinadas, a tecedura da consciência é a melhor de todas. A
consciência é como uma agulha de ferro com a qual se pinçam os enganos. Assim
sendo, Monges, sempre sigam sua consciência e não a ignorem nem por um só
momento. Esquecendo-se da consciência, perdem-se todos os méritos. Aqueles que
conhecem o pudor sabem do bom ensinamento. Aqueles que não conhecem o pudor não
são diferentes de bestas selvagens.
Oh, Monges!
Se alguém vier desmembrá-los, articulação por articulação,
vocês devem controlar a mente e não permitir que a raiva surja. Da mesma forma,
vocês devem proteger suas bocas, caso contrário, palavras más sairão delas. Se
vocês permitirem pensamentos de raiva, vocês estarão obstruindo seus próprios caminhos
e perdendo o benefício de seus méritos. A paciência é uma virtude superior à
manutenção dos Preceitos e das práticas ascéticas. As pessoas que praticam
paciência podem verdadeiramente ser chamadas de poderosas, de seres superiores.
As pessoas que com paciência e alegria podem aceitar o veneno do abuso como se
estivessem bebendo néctar celestial ? essas podem ser chamadas de pessoas de
sabedoria que adentraram o Caminho. Por quê? Porque os efeitos maléficos da
raiva quebram todos os bons ensinamentos e destroem o bom nome, de forma que,
tanto no presente como no futuro, as pessoas não sentirão prazer ao vê-las.
Vocês devem saber que a raiva é mais poderosa que o fogo ardente. Sempre se
protejam e não permitam que a raiva penetre em você. Nenhum ladrão rouba mais
méritos do que a raiva. Leigos, cheios de apegos e desejos, sem praticar o
Caminho, sem conhecer o Dharma para se controlar, mesmo neles a raiva não é
desculpável. Aqueles que deixaram o lar e praticam o Caminho do não apego nunca
devem permitir que a raiva surja, assim como o trovão e o raio não ocorrem num
céu suave e claro.
Oh, Monges!
Lembrem-se de suas cabeças raspadas. Vocês já abandonaram as
ornamentações, usam roupas simples e praticam a mendicância. Se o orgulho
surgir, vocês o devem extinguir rapidamente. Cultivar o orgulho não é
apropriado para quem vive uma vida comum, muito menos para quem deixou seu lar,
adentrou o Caminho, controla seu corpo e pratica o esmolar para obter a
libertação.
Oh, Monges!
A mente desonesta é incompatível com o Caminho. Por esta
razão vocês devem cultivar a honestidade. Vocês devem saber que a desonestidade
só produz enganos. Quem adentra o Caminho não age assim. É por isso, Monges,
que vocês devem ter a mente correta e agir baseados na honestidade.
Oh, Monges!
Vocês devem saber que uma pessoa de muitos desejos,
procurando grandiosidade apenas para si mesma, sofre muito. A pessoa de poucos
desejos, que nem procura e nem deseja, não tem este pesar. Esta é a simples
razão pela qual vocês devem ter o mínimo de desejos. Mais do que isso: devem
ter poucos desejos porque esta é a fonte de todos os bons méritos. Uma pessoa
de poucos desejos não manipula a mente dos outros através da desonestidade, nem
é levada pelos seis órgãos dos sentidos. A mente de quem tem poucos desejos é
tranqüila e sem preocupações. O que tiver é suficiente, nunca há insuficiência.
Para aqueles que têm poucos desejos o Nirvana existe. Esta é a prática de
poucos desejos.
Oh, Monges!
Se vocês querem se libertar de todo o sofrimento, vocês
devem conhecer o contentamento. O estado de contentamento é a condição de
prosperidade e bem estar. A pessoa contente fica feliz mesmo quando tem apenas
a terra para se deitar sobre ela. A pessoa que não se contenta está
insatisfeita mesmo em palácios celestiais. Quem não conhece o contentamento é
pobre, apesar de todas as riquezas que possa ter. Alguém que é contente é rico,
não importando quão pobre possa ser. Quem não conhece o contentamento é sempre
arrastado por desejos e deve ser apiedado por quem é contente. Esta é a prática
do contentamento.
Oh, Monges!
Se vocês procuram pela benção da tranqüilidade irremovível,
devem abandonar o tumulto da sociedade e viver a sós em um retiro quieto.
Aqueles que vivem em solidão são honrados por Indra e por seres celestiais. Por
isso vocês devem deixar tanto as suas como as outras vilas ou cidades e viver a
sós em locais remotos, com a intenção de extinguir a origem do sofrimento. Os
ávidos por companhia sofrem dificuldades por excesso de companhia, assim como a
árvore corre o risco de murchar se muitos pássaros viverem nela. Se estiverem
apegados ao mundo irão afundar no sofrimento comum, assim como um velho
elefante se afoga na areia movediça e dali não consegue sair. Tal é a prática
do isolamento.
Oh, Monges!
Se vocês diligentemente mantiverem o esforço correto nada
será difícil. Por isso vocês devem manter o esforço correto diligentemente,
assim como o constante gotejar da água fura uma rocha. Se a mente do praticante
for inclinada à indolência, será como esfregar a madeira para iniciar o fogo e
descansar antes que ela fique quente. Mesmo que esta pessoa queira o fogo, a
faísca não acontece. Tal é a prática do esforço correto.
Oh, Monges!
Não percam a atenção correta ao procurar por um mestre ou
por um amigo. Se vocês perderem a atenção, as paixões poderão entrar. Por isso,
Monges, sempre mantenham a plena atenção. Se perderem a atenção, perderão todo
o mérito. Se o poder da atenção for forte, vocês não poderão ser feridos pelos
desejos, assim como não teriam o que temer se entrassem numa batalha usando uma
armadura. Esta é a prática de não perder a atenção.
Oh, Monges!
Se unificarem suas mentes, suas mentes estarão concentradas.
Quando suas mentes estiverem concentradas, vocês poderão compreender as marcas
do surgir e do extinguir de todas as coisas no mundo. Por isso, Monges, vocês
devem praticar a concentração sempre e diligentemente. Se obtiverem a
concentração, a mente não ficará dispersa. Assim como as barragens são mantidas
em bom estado para conservar a água, o praticante, para o bem da água da
sabedoria, deve concentrar-se em meditação e não permitir que vaze. Tal é a
prática da concentração.
Oh, Monges!
Se vocês tiverem sabedoria, não terão ganância. Observem-se
e não permitam que a sabedoria se perca. Através do Dharma vocês poderão se
libertar. Se assim não o fizerem, não serão considerados seguidores do Caminho,
nem mesmo leigos serão. Em verdade, a sabedoria é um navio forte que os leva
através do oceano da velhice, doença e morte. Repito, a sabedoria é uma grande
lâmpada iluminando a escuridão da ignorância, é um remédio maravilhoso para
todas as doenças, é um machado afiado que corta a árvore das paixões. Por isso,
Monges, através do ouvir, do pensar e do praticar, vocês devem aumentar sempre
a sabedoria. Se vocês possuírem o brilho da sabedoria poderão ver claramente,
com seus próprios olhos. Tal é a sabedoria.
Oh, Monges!
Se vocês se engajarem de forma leviana em conversas inúteis,
suas mentes ficarão confusas. Mesmo que tenham deixado suas casas não poderão
obter a libertação. Por isso, Monges, vocês devem imediatamente abandonar
pensamentos confusos e as conversas desnecessárias. Se quiserem obter a benção
de Nirvana, vocês devem apenas extinguir o mal de falar à toa. Tal é a prática
de evitar a fala fútil.
Oh, Monges!
De todas as atividades meritórias vocês devem, de todo
coração, concentrar-se em afastar qualquer forma de indulgência pessoal, assim
como vocês evitariam um ladrão. O benéfico Ensinamento de Grande Compaixão do
Mais Honrado agora se completou.
Oh, Monges!
Vocês devem se esforçar diligentemente na prática do Dharma.
Tanto se viverem nas montanhas, à beira d?água, sob uma árvore num local remoto
ou num aposento sossegado, mantenham a plena atenção no Dharma que receberam e
não o esqueçam. Vocês devem sempre se empenhar na prática do Dharma e do
esforço correto. Se não fizerem nada e morrerem em vão, vocês só encontrarão
arrependimentos futuros. Sou como um bom médico que, reconhecendo uma doença,
prescreve a receita apropriada. Se o remédio é tomado ou não, já não é de
responsabilidade do médico. Novamente digo: sou como um bom guia que mostra às
pessoas o melhor caminho. Se elas não o seguirem, sabendo de sua existência,
não é culpa do guia.
Oh, Monges!
Se tiverem qualquer dúvida sobre as Quatro Nobres Verdades,
perguntem imediatamente. Não guardem as dúvidas sem procurar resolvê-las. Por
três vezes, o mais Honrado enxortou os Monges dessa forma, mas ninguém na
assembléia falou, pois não havia dúvidas. Nesse momento, Aniruddha, percebendo
a mente dos que estavam ali reunidos, disse a Buda: - Honrado do Mundo! Mesmo
que a Lua fique quente e o Sol torne-se frio, as Quatro Nobres Verdades
ensinadas por Buda não podem mudar. A verdade do sofrimento ensinada por Buda é
do verdadeiro sofrimento que não vira felicidade. Apego é a causa verdadeira e
não há outra causa. O sofrimento é destruído quando sua causa é destruída. O
Caminho da destruição do sofrimento é o Caminho da Verdade e não há outro caminho.
- Honrado do Mundo! Todos estes Monges têm certeza e não têm dúvidas em relação
às Quatro Nobres Verdades. Se nesta assembléia houver alguém que ainda não
completou sua compreensão, ao ver a passagem de Buda se lamentará. Aqueles que
apenas agora penetraram o Dharma obterão o despertar ao ouvir as palavras de
Buda. Assim como na escuridão da noite um raio ilumina a estrada. Se houver
alguém que já tenham completado sua compreensão e cruzado o mar de sofrimento,
terá apenas este pensamento: quão rápida é a passagem do Mais Honrado do Mundo!
Quando Aniruddha falou estas palavras, todos na assembléia claramente
compreenderam o significado das Quatro Nobres Verdades. Mas o Honrado do Mundo,
querendo que todos na grande assembléia se tornassem mais fortes, movido por
sua infinita Compaixão, falou: Oh, Monges! Não se lamentem! Nosso estar juntos
um dia acabaria mesmo que Eu vivesse no mundo tanto quanto um kalpa. Não existe
encontro sem despedida. O Dharma que beneficia tanto o eu como o outro se
completou. Mesmo que Eu vivesse mais não haveria nada a adicionar ao Dharma.
Aqueles que deveriam ser despertos, tanto nos céus como entre seres humanos,
todos foram acordados. Todos possuem as condições para obter o despertar, mesmo
aqueles que não foram despertos. Se todos os Meus discípulos, de geração em
geração, a partir de agora praticarem o Dharma, o Corpo do Dharma do Tathagata
existirá para sempre e nunca será destruído. Saibam que tudo no mundo é
impermanente; o que se junta inevitavelmente se separa. Não se preocupem, pois
esta é a natureza da vida. Pratiquem diligentemente com esforço correto e
procurem a libertação imediatamente. Destruam a escuridão da ignorância com a
luz da sabedoria. Nada é seguro. Tudo nessa vida é precário. Agora obtenho
Parinirvana. É como se libertar de uma doença maléfica. Esta coisa que
descartamos e que chamamos de corpo está afogado no mar do nascimento, velhice,
doença e morte. Como poderia haver alguma pessoa sábia que não se alegrasse ao
se desfazer dele?
Oh, Monges!
Vocês devem sempre, de todo o coração, procurar o Caminho da
libertação. Todas as coisas no mundo, tanto as que se movem como as que não se
movem, são caracterizadas por instabilidade e desaparecimento. Parem, agora!
Não falem! O tempo passa. Atravesso. Este é o Meu Ensinamento final.
Revisão do texto feita por Monja Coen Roshi em fevereiro de
2003 Tradução do inglês para o português de Monja Coen Roshi, São Paulo,
Brasil, fevereiro de 2002. Tradução do japonês para o inglês de Kazuaki Tanashi
e Jonathan Condit, São Francisco, EUA, Maio de 1980.
Fonte: http://www.viazen.org.br/si/site/0108/p/Breve%20Parinirvana%20Sutra
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Convoque seu Buda! Bom bate-papo entre Monja Coen e Criolo.
"O tempo rapidamente se vai e a oportunidade se perde. Cada um de nós deve se esforçar para o acordar e despertar. Isso a gente fala antes de dormir. O tempo da vida humana é limitado. Não aproveitar o potencial é desperdiçar a vida".
Leia em:
http://www.yogajournal.com.br/comunidade/jardim-da-infancia/
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Mente de principiante
"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito" (Suzuki, Shunryu).