terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Hoje é o dia

Mais uma vez, como todo retorno ao início, falamos de um novo começo.
Na esperança de novos tempos, boas mudanças, muitas melhorias e grandes superações, nós desejamos. Ansiamos. Planejamos.
Nos vestimos de branco, azul, verde, vermelho ou amarelo; bebemos e comemos, rimos e beijamos.
E na hora final, gritamos para o futuro, com vozes que ressoam em uma mescla de reza, súplica e comando: "que seja bom"!
Tantos desejos invocados ao mesmo tempo, sob as luzes dos fogos de artifício.
Mas há também os que ficam quietos, os que estão sozinhos, os que pouco tem para esperar. Estes, fazem por reza o silencio...
É comum imaginar o final do ano como um momento de esperanças, e belas expectativas. Eu não pretendo desmerecer aqueles que, todos os anos, assim fazem.
Respeitosamente peço-lhes compreensão, mas eu farei diferente. Eu irei me expressar sobre hoje. Apenas hoje.
Hoje é o dia. Não há outro, mesmo que por força de nossas expectativas venhamos a tornar o "amanhã" um perfeito apanágio de tudo de bom que ainda não conseguimos realizar.
O final de um ano não deveria ser um momento de promessas para o futuro.
Ele deveria ser um momento de reflexão dos motivos porque somos tão incapazes de transformar e curar nosso presente. Hoje, hoje é o dia.
Não importa se você promete mudar no próximo ano. A mudança não se faz de promessas futuras; ela é feita quando mudamos AGORA. Por favor, preste atenção: o dia é hoje.
Diz o reverendo monge Genshō Oshō: "As pessoas só dão aquilo que [lhes] está transbordando. As pessoas só podem dar aquilo que lhes transborda".
Se a sua mente transborda com a ignorância do Agora, no próximo ano você continuará a transbordar com o esquecimento de si mesmo. Desculpe, esta é uma verdade inescapável.
Observe: primeiro, você precisa se esvaziar. Deixar ir, soltar-se no rio do tempo e espaço, e compreender finalmente que o seu dia é HOJE. Não será no dia do final do ano.
Somente quando você estiver vazio de tudo o que anseia e imagina para si mesmo, irá transbordar com tudo de bom que o momento presente pode lhe dar.
Por isso, por favor desculpem-me: eu irei sempre lhes falar de hoje.
Quando todos nós praticarmos para viver a maravilha do momento presente, deixaremos de perder tanto tempo gritando promessas à meia-noite de um ano qualquer.
Acorde. Levante-se, caminhe e viva sua mudança agora. O tempo rapidamente se esvai, e a oportunidade se perde. Não esqueça disso.
Por favor, acorde. E deixe de esperar a mudança em um amanhã longínquo, incerto, distante.
Esse novo ano é agora. Agora, simplesmente.
Hoje.
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"O dia que você vem esperando é hoje; o momento pelo qual tem aguardado é este momento. Você deve romper o véu do tempo e espaço para chegar aqui e agora. No Agora, você irá encontrar o que tem procurado há tanto tempo."
- Thich Nhat Hanh, "Inside the Now: Meditations on time" (2015).
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Canção para o dia de hoje. Monge Kōmyō, dezembro 2015

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A não dualidade



Quando está interagindo com a natureza inanimada, você está sujeito às leis físicas e químicas.
Quando está interagindo com outros seres, você está sujeito às leis biológicas, éticas, sociais, morais e legais.
Quando está interagindo psiquicamente consigo mesmo, você está sujeito à sua consciência.
Quando está em não dualidade, em zazen, não há sujeição, porque não há sujeito nem objeto - é além do espaço-tempo, do pensar e do não pensar: só há o Ser, a experiência mística, a visão pessoal direta, a constatação, e a partir disto você não precisará mais das palavras de religiosidade de alguém.
Apenas coloque isso em prática, interaja.
~ Monge Ryozan - dez 2015

https://www.facebook.com/monge.ryozan?fref=ts
Imagem: http://howtoexitthematrix.com/2015/05/24/the-beast-of-burden-illusion-and-deception-on-the-path-of-enlightenment/


Mente de principiante

"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito" (Suzuki, Shunryu).