sexta-feira, 1 de julho de 2011

A raiva

Quando a energia da raiva vem à tona, é comum querermos expressá-la para punir a pessoa que julgamos ser a causa do nosso sofrimento. Esta é a energia do hábito que existe dentro de nós. Quando sofremos, sempre culpamos o outro por nos ter feito sofrer. Não compreendemos que, em primeiro lugar, a raiva é problema nosso. Somos basicamente responsáveis por ela, mas ingenuamente acreditamos que sofreremos menos se pudermos dizer ou fazer alguma coisa para punir a outra pessoa. Este tipo de crença deve ser afastado, porque tudo que dizemos ou fazemos quando estamos com raiva só causa mais danos ao relacionamento. Em vez disso, devemos tentar não fazer ou dizer nada quando estamos zangados.


Quando você fala alguma coisa realmente desagradável, quando você diz algo para revidar, sua raiva aumenta. Você causa sofrimento à outra pessoa e ela provavelmente dirá ou fará alguma coisa para se ver livre do sofrimento. E assim o conflito vai ficando cada vez mais intenso. Como isso aconteceu tantas vezes no passado, você conhece bem esse aumento da raiva e do sofrimento, mas ainda não aprendeu nada com eles. Tentar punir a outra pessoa só vai piorar a situação.

Castigar a outra pessoa é autopunição. Este fato é verdadeiro em todas as circunstâncias. Toda vez que os Estados Unidos tentam punir o Iraque, não apenas o Iraque sofre, mas os Estados Unidos também. Isso também acontece entre judeus e palestinos, muçulmanos e hindus, entre você e a outra pessoa. Sempre foi assim. Vamos então despertar e nos tornar conscientes de que castigar o outro não é uma estratégia inteligente. Use sua inteligência, e converse com a outra pessoa para chegarem a um acordo sobre uma estratégia comum destinada a cuidar da raiva. Tornem-se ambos conscientes de que punir um ao outro não resolve nada, e prometam um ao outro que, cada vez que ficarem zangados, vocês não dirão nem farão nada motivados pela raiva. Em vez disso, cuidarão da raiva, voltando-se para dentro de si mesmos praticando a respiração e o andar consciente.

Aproveitem os momentos em que estiverem felizes juntos para assinar o contrato, o tratado de paz, que é um tratado de amor verdadeiro. Esse tratado de paz deve ser redigido e assinado com base no amor, e não como um tratado de paz assinado por partidos políticos. Estes fundamentam seus acordos apenas nos interesses de cada país, mas ainda estão repletos de desconfiança e de raiva. O seu tratado de paz deve ser um tratado de puro amor.
(Do livro “Aprendendo a lidar com a raiva” de Thich Nhat Hanh)
Comente esse texto em http://sangavirtual.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mente de principiante

"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito" (Suzuki, Shunryu).