Após uma hora e meia de pensamentos, viajei por mil cantos, sem resolver o que desejava. Parece que é inútil. Acaba o período de prática, no qual não meditei de maneira alguma, e saímos para a clara tarde. Apesar de ter viajado tanto pelos meus pensamentos, quando saio vejo tudo mais nítido. O caminho de pedras surge vibrante. As cores das folhas se mesclam contra um céu azul, parece que balançam mais devagar na brisa ocasional. Nada está diferente, só as formas têm bordas mais marcadas, tudo é mais colorido. A luz aparenta ter volume e peso, e os sons ondulam como se tocassem minha pele com o vento. Será o efeito da privação sensorial na meditação? Não sei, mas é extremamente prazeroso. Caminho sentido a saliências do solo, e aproveito isso. É como se minha mente tivesse cansado de tanto pensar e agora, nesta pausa, a oportunidade de meditar surja.
(Monge Genshô. O Pico da Montanha é onde estão os meus pés. Rima, 2012)
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