terça-feira, 23 de julho de 2013

Zen, a consciência cotidiana

O Zen é a "consciência cotidiana", de acordo com a expressão de Baso Matsu (morto em 788). Essa "conscieência cotidiana" não é outra coisa senão "dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome". Quando refletimos, deliberamos, conceitualizamos, o insconsciente primário se perde e surge o pensamento. Já não comemos quando comemos, nem dormimos quando dormimos. Dispara-se a flecha, mas ela não se dirige diretamente ao alvo e este não está onde devia estar. O cálculo verdadeiro se confunde com o falso. A confusão introduzida no espírito do arqueiro se traduz em todos os sentidos e em todos os domínios.
O homem é definido como ser pensante, mas suas grandes obras se realizam quando não pensa e não calcula. Devemos reconquistar a ingenuidade infantil, através de muitos anos de exercício na arte de bos esquecermos de nós próprios. Nesse estágio, o homem pensa sem pensar. Ele pensa como a chuva que cai do céu, como as ondas que se alteiam sobre os oceanos, como as estrelas que iluminam o céu noturno, como a verde folhagem que brota na paz do frescor primaveril. Na verdade, ele é como as ondas, o oceano, as estrelas, as folhas.
Uma vez que o homem alcance esse estado de evolução espiritual, ele se torna um artista zen da vida.
(Fragmento do prefácio da obra A arte cavalheiresca do arqueiro zen, de Eugen Herrigel - Coleção Clássicos Zen por Monja Coen, Editora Pensamento)

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Mente de principiante

"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito" (Suzuki, Shunryu).