quinta-feira, 29 de abril de 2010

Leve, muito leve

LEVE, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.
(Fernando Pessoa/ Alberto Caeiro. Ficções do Interlúdio/1)

domingo, 25 de abril de 2010

O Silêncio

As práticas da meditação nos ajudam a descobrir um caminho para a genuína quietude. Nelas, descobrimos que há muitos níveis de silêncio. O primeiro é o silêncio externo, a simples ausência de barulho. O segundo é o silêncio do corpo, uma queitude física cada vez maior. Aos poucos, a mente começa a se aquietar. Descobrimos, então, o silêncio que é testemunha de todas as coisas. Mais fundo ainda, chegamos ao indescritível silêncio da mente, o silêncio que dá origem a todas as coisas. Penetrar no silêncio é uma viagem, é entregar-se a níveis cada vez mais profundos de quietude até desaparecer na vastidão.
(Kornfield, Jack. Depois do êxtase, lave a roupa suja. Cultrix.)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Gentileza amorosa

Se você é motivado pela gentileza amorosa e pela compaixão, há muitas formas de levar felicidade aos outros agora mesmo, começando pela maneira amável de falar. O seu modo de falar com os outros pode dar a eles alegria, felicidade, autoconfiança, esperança, lealdade e iluminação. O modo de falar consciente é uma prática profunda.
(Thich Nhat Hanh. Os cinco treinamentos para a mente alerta. Vozes).


terça-feira, 20 de abril de 2010

O mistério das coisas

O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.


Sim, eis o que  os meus sentidos aprenderam sozinhos: -
As coisas não têm significação: tem existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.
(Fernando Pessoa.  Alberto Caeiro. Ficções de Interlúdio/1)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Formas e cores relativas

No Prajna Paramita Sutra, o ponto mais importante é, sem dúvida, a idéia de vacuidade. Antes de compreendermos essa ideia, tudo parece existir substancialmente. Mas, depois de percebermos a vacuidade das coisas, tudo se torna real - não-substancial. Quando percebemos que tudo o que vemos é parte da vacuidade, deixamos de ter apego a qualquer existência; nos damos conta de que tudo não passa de formas e cores relativas. Percebemos então o verdadeiro sentido relativo de cada existência. Quando ouvimos dizer pela primeira vez que toda existência é relativa, a maioria de nós fica desapontada, mas tal desapontamento provém de uma noção errada sobre o homem e a natureza. Porque a nossa maneira de observar as coisas está profundamente enraizada no egocentrismo, é que ficamos desapontados ao descobrir que tudo tem apenas uma existência relativa. Mas, quando nos apercebermos dessa verdade, não sofremos mais.
( Shunryu Suzuki. Mente Zen, Mente Atenta. Palas Athena)

terça-feira, 13 de abril de 2010

A magia

Você vive no mundo como um indivíduo, mas antes de tomar forma humana você já estava aqui, sempre esteve aqui. Sempre estamos aqui. Entende? Você pensa que antes de nascer não estava aqui. Mas, se você não existisse, como poderia ter aparecido neste mundo? Porque você já estava é que você pôde aparecer no mundo. Do mesmo modo, não é possível que algo que não existe desapareça. Porque algo existe é que pode desaparecer.  Você pode pensar que, quando morre, desaparece, deixa de existir. Mas, mesmo que desapareça, algo que é existente não pode se tornar inexistente. Essa é a magia. Nós mesmos não podemos introduzir nenhuma fórmula mágica neste mundo. O mundo é sua própria magia.
(Shunryu Suzuki. Mente Zen, Mente de Principiante. Palas Athena)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O fluir da água

Buda disse: "Todas as coisas estão essencialmente liberadas. Não há lugar nenhum a que se conformem".
Deveis saber que, embora todas as coisas estejam liberadas, e não atadas a alguma coisa, elas se ajustam a sua própria expressão fenomenal. No entanto, quando a maioria dos seres humanos vê a água, somente percebe que ela flui incessantemente. Esta é uma visão humana limitada; há, na verdade, muitas espécies de fluir. A água flui sobre a terra, no céu, para cima e para baixo. Pode fluir em uma única curva ou fluir para dentro de muitos abismos sem fundo. Quando se eleva, transforma-se em nuvens. Quando desce, transforma-se em abismos.
(Mestre Dogen. A lua numa gota de orvalho. Siciliano)

sábado, 10 de abril de 2010

Debaixo de vossos pés ou numa gota de água

Quando o darma não preenche todo vosso corpo e toda  a vossa mente, pensais que já é suficiente. Quando o darma preenche vosso corpo e mente, entendeis que alguma coisa está faltando.
Por exemplo, quando velejais num barco para o meio de um oceano onde não há terra à vista e podeis ver as quatro direções, o oceano parece circular e não parece de nenhum outro modo. Mas o oceano não é redondo nem quadrado, seus traços são de uma variedade infinita. É como um palácio. É como uma jóia. Apenas parece circular enquanto podeis vê-lo neste momento. Todas as coisas são assim.
Embora haja muitos traços no mundo poirento e no mundo além das condições, vedes e entendeis somente o que vosso olho da prática alcançar. Para apreender a natureza infinita das coisas, deveis saber que, embora pareçam redondos ou quadrados, os outros traços dos oceanos e das montanhas são infinitos em variedades; há mundos inteiros lá. Assim é não apenas em volta de vós, mas também diretamente debaixo dos vossos pés ou numa gota de água.
(Mestre Dogen, A lua numa gota de orvalho, Siciliano)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O caminho de Buda

Os estudantes deveriam saber que o caminho de buda encontra-se fora do pensamento, da análise, da profecia, da introspecção, do conhecimento e da explicação sensata. Se o caminho de buda estivesse nessas atividades, por que já não teríeis realizado o caminho de buda até agora, uma vez que desde o nascimento perpetuamente estivestes em meio a essas atividades?
(Mestre Dogen, A lua numa gota de orvalho, Siciliano)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sutra do Coração

O cientista francês Antoine-Laurent Lavoisier disse "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". É exatamente o mesmo que diz o Sutra do Coração. Mesmo os melhores cientistas contemporâneos não podem reduzir algo tão pequeno como um grão de poeira ou um elétron ao nada. Uma forma de energia só pode se transformar em outra forma de energia. Uma coisa nunca pode se tornar nada.
(Thich Nhat Hanh, O coração da compreensão, Bodigaya)

terça-feira, 6 de abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

Gato Maru

Como amante de gatos, não podia deixar de postar o vídeo do gato japonês Maru!
Os gatos têm natureza buda?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A realidade das coisas

A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para ser completo.

(Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Ficções do Interlúdio/1)

Mente de principiante

"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito" (Suzuki, Shunryu).